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Mariposas ao Redor
Farley Rocha
Farley Rocha
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de repente num relance
somos um mesmo ser olhando
(...)
pelo tempo de um relâmpago
somos dois seres se entreolhando
(Chacal)
[poemas escritos no início dos anos 00]
Na crista da onda
Quando luzes flutuantes de qualquer semana passada em meus presentes instantes são (ou quase) reveladas faço delas combustível bebida de além-matéria que me faz do sangue diesel e do suor vapor de um maquinário constante. Daí ponho-me a caminhar páginas por veredas pseudo-intelectuais borrando palavras ao léu e ao vento imaginando paisagens de pensamentos que envolvem e sugerem um sentimento puro e (talvez) fiel.
Assim sigo com minhas bagagens minhas vestes e uma multidão de ideais buscando na crista de cada onda uma soberana forma de buscas pseudo-imortais.
Se não, ao menos aqui estou pisando pelas pegadas do rock e do samba misturando desafinado o clássico e a fama como os outros que não se vestem com máscaras pseudo-sanas.
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Incógnita
Qual seria o caminho
entre relvas e ruivas, raivas e ruas?
O caminho que poderia
trazer-me um hálito de carinho,
levar-me a um átimo de satisfação
ou simplesmente me mostrar
uma verdade
que não queira ser
absoluta?
A quem ouvir?
Em que acreditar?
Onde estará o mapa?
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Quem me dera
conhecer a linguagem dos pássaros,
saber chegar onde as andorinhas
para pairar solene
em pôr-do-sol de maio.
Quem me dera
saber assistir de breve
o amanhecer dos pombos,
povoar os céus em tardes
rubras de outono,
mergulhar rasante como
nenhuma máquina pode copiar.
Quem me dera
sobrevoar por vales distantes
aonde o discurso único
seja o canto de uma águia rara,
solitária.
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Prefiro a liberdade
como a bala entre o alvo
e a arma,
como a palavra entre o pensamento
e a fala,
como o sonho entre o sono
e o despertar.
Prefiro a liberdade
como Bandeira abolindo a prisão
do verso,
como estrela cadente cortando
o universo,
como o êxtase entre o despir
e o gozar.______________________________________________________
Meu passado é relido
a cântaros
enquanto em minha forma atual
de sentir
finjo olhar com nitidez
o ângulo.
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Momentos em versão acústica
Saber tocar a vida
como se toca gaita,
flauta, um som qualquer.
Pelas avenidas
imaginar baladas,
ouvir pelas esquinas
a música passar
como fanfarra.
Imaginar o toque doce do sopro
do vento
nas janelas.
E por assim dizer,
até os casarões soariam sonoros.
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Surrealismo I
Árvore,
uma sombra refletida
pelo sol da manhã
ao acordar.
A alquimia do ar
pairando no respirar
de alguém que retorna
sem ter saído do lugar.
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vozes ocultas,
verdades ocultas:
hera que esconde no poro muro acima
a formiga falante
e suas mentiras absurdas
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Cérebro, pensamentos fluviais
Fluvial.
Noturno quando
penso
nos rios
tensos e
temo
quando me desaguar o
fluvial
no mar.
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O baralho
Na sorte
o momento do acerto,
o dois de paus numa canastra,
o rei de copas sobre a dama,
o naipe oculto num piscar,
o blefe pra salvar a mão.
Na jogada
apenas uma carta
e esta não é um Ás de espadas!
Na mesa,
a grana.
Só que desta vez não há trunfos na manga.
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Aprendizagem
Se um dia um não
prevalece na imensidão
de qualquer vontade,
um não porradeiro
que arrebenta quadros e vidraças
de qualquer sala de estar tranquila,
entre o gesto e o murro teso
da navalha
revelerá a sobriedade sobre o dia:
a eternidade de qualquer sim
não se mede com o disparate
de qualquer não.
A nobreza da revanche
pressupõe o revidar calmo,
passivo,
contínuo...
conquistando o que não foi no ato
concedido,
ou após, perdido.
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A essas horas
há o vácuo da rua,
o tom pastel dos postes,
invisíveis sinais de que tudo
está normal.
Fora o vento-sopro
de céu quente-escuro,
resta o chão-e-ruído
dos meus passos-desequilíbrio
sobre ele.
Eu,
a rua
e os postes,
a essas horas,
somos como substâncias
de um vago sonho.
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VIDAS INCANDESCENTES BLUES BAND
Nas ruazinhas de pedras antigas
calçadas,
nas escadinhas da antiga igreja
de São Sebastião,
nas garrafas vazias de euforias
instantâneas,
nas cinzas de cigarro pousadas
ao chão.
A poesia das noitadas
feita de saga, lendas e risadas,
em meio à cantilena da boemia encantada
misturada à inocência, o som das guitarras imaginárias,
farto rito autêntico em palmas,
ritmo de sentimento pleno,
cabelos longos, tênis sujos,
dias blue jeans.
Iluminando ideias
pelas esquinas
e rodopiando sextas a sábados
é que vivíamos cantando
as velhas canções...
e assim éramos felizes,
e assim éramos irmãos.
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Mil luas
Mil luas
em diferentes estágios
circulam as entranhas
mitológicas de um ser frágil.
Mil luas
em obstantes presságios
iluminam as membranas
sóbrias de um visionário.
Ao cair da noite,
as mil luas saltam das montanhas
revelando seres
no profundo verde dos campos
e no cinza concreto
das florestas urbanas.
E diga-se de passagem,
as mil luas são estrelas
ou satélites imaginários
na pele do universo, tatuagens.
Brilhantes orquídeas: poesias.
Em pleno deserto: miragens.
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Noite na serra
É de manhã
cedo, linha e lã.
O chá chimarrão
ao ferver-se da água
na fogueira ainda acesa
aquecendo o frio
a princípio da manhã.
A noite shy moon, blackbird e chão de giz
nos acordes acordados das cordas em corais
se desfaz agora
com a bagunça dos pardais
e os primeiros raios de sol
despertando o pessoal
para arrumarmos as mochilas,
descermos a serra,
pisarmos o chão.
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Incoerências
coerência me falta aos olhos
falta-me dar sentido ao que vejo
coerência me falta à boca
falta-me entender os seus desejos
coerência me falta aos ouvidos
falta-me absorver o que não percebo
coerência me falta aos atos
falta-me reconhecer neles os segredos
coerência me falta à linguagem
falta-me acreditar no que escrevo
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Batalha da ilusão
(por: Diego Rodrigues Bento)
Quando acordo vejo seus olhos,
Mas talvez seja mera ilusão.
Quando estou perto de ti me sinto bem,
Mas talvez eu esteja mais distante que penso.
Vamos lutar juntos até a morte...
Talvez eu esteja lutando sozinho...
A guerra só termina quando morre o último soldado...
Mas talvez eu tenha morrido e você
Não tenha percebido.
A guerra terminou.
Eu não sou o último,
Mas lutamos em lados opostos.
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Onipresença
Falam que o amor está sempre por aí
como qualquer coisa
que habita todos os lugares.
Ele surge, invade e explode...
Depois, assenta-se devagar.
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Vinho tinto
A taça de vinho tinto
tingindo detalhes no seu vestido branco
tidos desvestidos numa noite
vindos repentinos toques
não vistos no escuro
do vinho tinto enfoque
cio, balbucio com o forte vinho
que faz o físico mudo
e a alma tremer
com goles do
vinho tinto
que morde
sem doer,
sem corte.
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De Um Tudo Por Ti
Subverti a Linha do Equador
E num condor cruzei os oceanos
Pintei desertos com lápis de cor
E transformei a areia em pântanos
Isolei a Ilha de Páscoa
Com moais de aço e latão
Com mil passos fui de Minas ao espaço
Pegar um pedaço de estrela
Só pra enfeitar a tua mão.
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Voar sem hora
Hoje acordamos
e juntamos linearmente
os sintagmas.
Com pés descalços descemos
livremente as escadas.
Saímos com passos livres
como pássaro sem gaiola,
voamos lado a lado
sem estarmos em jaula,
voando sem hora
para chegar
em algum instante
em algum lugar,
já fizemos isso antes
e fazemos isso agora.
Voar sem hora,
sem instante,
na instância sonora
da hora que rola
pela flora sonora
da hora.
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Pano vermelho (de fundo)
Lembrava-se bem da partida
quando olhava o retrato.
Apertava-o e pensava
que assim ainda poderia sentir
o perfume de rosa
daquele pano vermelho
que lhe cobria o corpo.
Vermelho como eram seus lábios
tão vermelhos
quanto era sua pele clara
ao mormaço,
vermelho vivo como
sua condição feminina,
vermelho da cor da
sua vida agora,
um eterno pôr-do-sol,
pouca luz,
fim do dia.
Vermelho como é o sol
na hora da partida.
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Clandestina
(letra de amor para um poema brega)
Em noites frias
de inverno cinza
tu és minh’alma gêmea
a equilibrar o calor do meu corpo
um louco
a apreciar teu sopro
de mulher querida.
Tu és minha’mante linda,
clandestina de minhas vontades,
ocultastes meus defeitos,
perdoastes meus erros,
ensinaste-me a amar...
Tu és a linda
dos meus sonhos menino,
teu nome um hino,
teu amor minha paz.
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Flor de cacto
(baseado no poema “o cacto” de Manuel Bandeira)
Confesso que minha lucidez
é vulnerável
a sua perplexa leveza.
Desperta desejo em possuí-la
tanto quanto uma obra cara,
uma espécie única...
Sugere percepções
de complexa natureza.
Sua exótica beleza me faz temer
e me faz sorrir.
Seu aroma é sutil ao mais lépido olfato.
Flor de cacto com pétalas sensíveis...
mas intocável.
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À portas fechadas
Sussurramos aos ouvidos
vozes, sopros, gemidos,
únicos e desejados ruídos
de nós dois.
Teus
pelos
pelos
pelos
do meu corpo
num prazer em
ter,
ser
e assim
viver
aquele nosso romântico
(mas comportado)
amor.
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Manifesto sentimental
Diria:
é essa vontade de te ver
que me faz sentir poder
para correr
ainda mais rápido que a luz,
rumo à imensidão
em que tu propagas
no infinito caminho
entre tempo e destino.
Diria mais:
essa vontade de conhecer
o que tu celebras
para mim,
saber qual tinta que pinta
a tua forma,
é que me transforma diariamente
em anjo e pecador:
sagaz na maneira de te sentir,
fiel no jeito de me expor.
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Poema para ser lido
às cinco da manhã, sozinho
Como bêbado quero bailar loucuras
em domingos de solidão,
beber mais uma
esquecer da vida,
subir coretos, gritar te amo!
anoitecer no relento
sonhar romântico.
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Seu sabor é doce
E amargo.
Sorve mel nos lábios
E é sorriso de lagarto.
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Esfumaçante
Sei como sabes
agora estou aqui
assistindo aos pés da cama
o trem esfumaçante partir.
Sei como queres
subir pelas paredes
em ascensão aromática de si
agora que estou aqui
com sede
assistindo ao trem partir.
Partiremos a noite ao meio
sublinhando vontade voraz,
arrasaremos com olhares obscenos
fazendo coisas que nem Freud é capaz
de explicar a fumaça,
o apito,
os trilhos
e o caminho
que o trem esfumaçante faz.
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Pra ser assim
Gostaria de cantar baixinho
em lirismo,
pronunciar o que jamais
foi dito,
despir sentimentos
num só poema minuto.
Gostaria de beijar um lábio virgem
de carinho,
saborear canções em noites longas
de luar,
receber calor como ave
no ninho,
descansar à sombra após brincar
feito criança infestada de pureza,
- sem destreza,
sem vociferar.
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Sereno sonho
Escrevo-me como pergaminho,
a mim ensino
com quantos sonhos se faz uma vida.
Atiro-me solstícios de primavera
e espero, sempre olhando,
o dia que se apaga
no mesmo lugar
pra inventar sonhos,
num lugarejo qualquer
rodeado por montanhas,
chaminés e grilos,
enquanto aguardo ostensivo
os sonhos caírem ao sereno.
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Sem querer
a pulsação que de mansinho
apareceu no peito
já estoura aos ares pétalas em clímax sentimental
agora não tem mais jeito
tem de ser assim
assim até o final.
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Sensação indiscreta
Quando o inesperado acontecer
ouviremos o eco das risadas nossas,
os vaga-lumes em festa celebrarão
nossa alegria,
até os galos cantarão em refrão,
as civilizações serão testemunhas
de nossos passos,
e assim nosso flerte infinito
será assistido à TV a cabo,
nossos nomes serão anunciados em palanques,
quando o inesperado acontecer,
você vai ver
parecerá eterno.
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Quero a cor
Se é dor sem-ti,
quero a cor dos teus
lábios
em sábios movimentos
labiais
fazendo acordo
ao acordar
pedindo
para deitar.
Quero tua cor
pedindo para amar,
calar a dor.
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Você se foi.
Não de mim,
mas
dos
meus
olhos.
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Passeio pela cidade imaginária
Ver esta cidade sob luzes opacas
na serração de intenso junho.
Senti-la reaparecendo submersa
ao turvo fulmo
com suas ruas, árvores
e placas.
Labirintos de paredes sólidas confortando sono.
Nas calçadas, resquícios de pegadas.
Flash backs esquecidos sobre o pó...
(mas entre a mariposa e a lagarta de quintal
[existe o orvalho!
contorcendo-se mudo entre musgo e cogumelo
[no Jardim Central.)
Além,
seus bares reinventando
a vida de muitas vidas,
cinzeiros na roda consumindo histórias,
copos enxugando a alma,
enquanto no silêncio dos olhares perdidos
arquetipam-se oníricas filosofias,
remontam-se teorias
e antigas utopias
dos herois sem brilho,
sem feito,
sem nome.
Ver a cidade madrugada,
sem rostos,
imaginária.
A cidade B
da cidade habitada.
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Acampamento
A mochila
A bota
A trilha
A subida
A fogueira
A barraca
A lua
A cachaça
O violão
A cigarra
A caneca
A vista
A montanha
O frio
O sino
Os mitos
A poesia
A canção
O casal
O coração.
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Mesmo se tu partisses
estarias tão próxima que pelas lembranças
eu pegaria carona
em rabo de cometa.
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Sempre assim
Perambulei estrelas pelo céu de lama
sobre seus olhos,
e você nem se tocou
que era eu apaixonado...
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[In off]
O sol já nasceu,
já desligaram os alto-falantes,
os corpos estão vazios,
já não temos mais nenhum plano.
Agora são só bêbados no chão
e pensamentos de momentos em vão,
em uma noite de festa,
em uma reza às substâncias entorpecentes.
Peguemos as moedas do bolso,
peguemos a lucidez enquanto ainda a temos,
porque hoje já não é mais hoje
vamos embora para casa,
vamos sair de fininho,
sair sem dizer nada com o nada.
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Cabedal
Existe um lugar
criado por cenas de filmes,
páginas de livros,
ícones e estampas,
status e imagens.
Existe mesmo este lugar,
é onde o que representamos não passa de mero produto final daquilo
que realmente somos.
Existe sim este lugar,
e nele cabem a gota
o cosmos
a ideia
e o ser
indefinidamente dentro de nós.
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Imensidão
Basta um sorriso
em teu rosto
pra que a minha vida
se torne uma folia.
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Ares noturnos
Saboreio a noite como se dela
o que me restasse fossem apenas
delírios,
e seu hálito perfumado
vem das flores negras que desabrocham
ao entardecer.
A noite tão noite
quanto o escuro reluzente em passos
quase aéreos...
é ela,
tão sublime quanto a erva do meu chá.
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Bon Voyage!
Juntos vimos pela janela
as memórias, passarinhos,
versos, riachos e histórias
sobre tardes de nuvens rosas
como se olha fotografia.
Seguiremos agora nosso caminho
pelo céu
ou pelo chão,
mas qualquer que seja ele
nosso caminho há de não ser em vão...
o seguiremos
nesta hora
então.
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FIM